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Um bom uso do solo para conservar e manter

No campo, sob os pés do agricultor, reside um de seus bens mais preciosos.

É dele que vêm 99% de toda a produção global de alimentos. É nele que as plantas propagam suas raízes e fixam-se, encontram água e nutrientes, e interagem com uma imensa quantidade de organismos. Estamos falando do solo, componente fundamental de nossa produção agrícola atual.

O solo não é uma entidade simples, apresentando-se de formas muito diferentes. Suas características que contribuem para uma boa produção agrícola podem ser bastante variáveis de região para região, sofrendo influência das proporções dos elementos que o constituem. Mas o solo não é apenas cascalho, areia, silte e argila. Ele pulsa com vida.

Com uma grandiosa biodiversidade, nenhum outro habitat apresenta comunidades de organismos vivos tão densamente compactadas. Um único metro quadrado de solo pode conter 1000 espécies diferentes de organismos invertebrados; um único grama, milhões e milhões de bactérias. A interação de todos esses elementos contribui para os ciclos globais que tornam a vida na Terra possível, e seu equilíbrio gera o que designamos em agricultura como “solo fértil”.

A fertilidade do solo depende de sua capacidade de reter água, ar, compostos orgânicos e minerais, todos essenciais para o crescimento de plantas. Interessantemente, apenas 3% de toda a área de terra do nosso planeta são considerados férteis, o que nos faz depositar atenção especial em como a agricultura tem influência sobre essa preciosa parcela do globo.  O desmatamento para ampliação de áreas cultiváveis, por exemplo, afeta drasticamente a estrutura e composição do solo, reduzindo o número e a quantidades de espécies que nele habitam. Mas desmatamento e agricultura estão cada vez mais distantes graças a modernizações do setor agro. Ao longo do processo de aprimoramento das atividades agrícolas, práticas voltadas para a conservação desse bem têm tido importância crescente de especialistas e profissionais. Neste contexto, práticas já bem estabelecidas unem-se a práticas de agricultura mais recentes.

O plantio direto, por exemplo, ganhou destaque nas décadas de 1980 e 1990 e ainda é bastante difundido entre agricultores. Nele, a aração e a gradação são deixadas de lado no preparo para o plantio, mantendo o solo coberto por resíduos vegetais. Essa cobertura protege o solo do impacto direto da chuva, do escorrimento superficial e das erosões causadas por água e vento. Além de uma redução na erosão, resíduos da superfície degradam naturalmente e as emissões de gases que contribuem para o efeito estufa são reduzidas pelo menor uso de maquinários. A rotação de culturas entre safras no mesmo campo de plantio é outra estratégia já há tempos utilizada e que contribui de muitas formas para a preservação do solo. A diversificação das culturas resulta em demandas variadas pelos nutrientes do solo, o que promove aumento da fertilidade, redução da erosão e da pegada de carbono, além do aumento da produtividade da cultura de interesse.

O uso de ferramentas com maior nível tecnológico também vem tendo importante participação na forma como cuidamos do solo. A biotecnologia, por exemplo, resultou em ganhos de produtividade que levaram a benefícios ecológicos reais no que diz respeito ao uso do solo. Ao longo de duas décadas, entre 1996 e 2016, esse incremento de produtividade oriundo do uso de sementes geneticamente modificadas pelo homem fez com que 174 milhões de hectares de terra não precisassem ser destinados para a produção agrícola. Novas estratégias de engenharia genética moderna têm contribuído para que características incrementais sejam incorporadas a culturas e reforcem ainda mais os benefícios positivos quanto ao uso da terra.

Mais recentemente, o grande volume de dados gerados no campo e processados através do uso de softwares tem levado a uma nova era de decisões na agricultura. A evolução dos aparelhos e técnicas de medição de diferentes parâmetros do solo, como teor de nitrogênio, fertilização e água, têm ajudado o homem a tomar melhores decisões quanto ao manejo desses e outros fatores. Hoje o agricultor já pode ter acesso a tecnologias como essas na palma da mão com o uso de tablets e smartphones, capazes de conectarem-se aos dispositivos que monitoram o solo de seus campos e maximizam suas colheitas.

O solo está inegavelmente na fundação da produção agrícola. Trabalharmos para a manutenção da fertilidade e reversão da degradação desse bem tão precioso através das melhores práticas agrícolas e ferramentas tecnológicas é essencial para que a nossa agricultura prospere e perdure, atendendo as demandas da humanidade visando o equilíbrio com o meio ambiente.

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