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Prepare-se: pode ser que um dia você colha a salada do seu almoço do alto do seu prédio

Em que direção cresce a agricultura? “Horizontalmente” talvez seja a resposta mais lógica. De fato, é comum pensarmos que precisamos da expansão de áreas horizontais de plantio para produzirmos mais. Para crescer e desenvolver, plantas necessitam do crescimento de raízes que buscam água e nutrientes, e o solo, devido às diversas propriedades que tem, vem sendo tradicionalmente utilizado como principal substrato do cultivo agrícola.


Entretanto, o fato do plantio dos vegetais de interesse agronômico gerar um impacto considerável sobre o solo e outros recursos do meio ambiente tem gerado iniciativas que propõem alternativas verticais à nossa tradicional agricultura horizontal.


Graças a diversos avanços tecnológicos, estamos acompanhando o surgimento de sistemas de plantio que crescem para cima, em camadas empilhadas, nas quais as condições do ambiente podem ser controladas de uma forma muito mais precisa do que aquelas de uma fazenda convencional. Esses modernos sistemas utilizam substratos específicos capazes de substituir o solo, fornecem a energia necessária para fotossíntese por meio de iluminação artificial de baixo consumo, e ainda nutrem e hidratam as plantas através de pequenos volumes de soluções aplicadas com borrifadores. Dessa forma, estamos nos referindo a unidades de produção relativamente pequenas que terão seu próprio ecossistema individual, com níveis ótimos de luz, temperatura, pH e nutrientes, criando melhores condições ambientais onde as plantas poderão crescer em tempos mais rápidos do que seus ciclos habituais.


Todos esses elementos, quando sincronizados e escalonados, criam um novo contexto para a agricultura e fazem surgir novas formas de se pensar sobre a maneira como plantamos hoje. Por permitir a mesma produtividade numa área menor, a verticalização tem nos trazido a visão de uma agricultura possível, por exemplo, nas cidades. Os pequenos módulos de produção, adaptáveis aos diferentes ambientes urbanos, em prédios comerciais ou residenciais, reduzirão as complexidades logísticas, os custos e as emissões de poluentes advindos do transporte a longas distâncias, além de oferecerem produtos mais prontamente disponíveis. Combinado a isso, teremos sistemas alternativos que, quando em seu funcionamento adequado, poderão gerar economias de até 95% da demanda hídrica e eliminação do uso de praguicidas.


Podemos também afirmar que esses sistemas contribuirão ainda mais para entendermos o que é a agricultura. Não só teremos uma aproximação física e verdadeira dos moradores de centros urbanos com as práticas agrícolas, mas também a coleta dos dados vindos da implementação das ferramentas de agricultura digital, como robôs, data science e inteligência artificial.


Os conceitos envolvendo essa transição da agricultura do campo para a cidade não são novos. Já em 1999, Dickson Despommier, um ecologista da Universidade de Columbia, e seus alunos propuseram que a agricultura vertical poderia alimentar cidades superpovoadas usando menos água e menos terra. Hoje, isso já é realidade em algumas cidades de países como Canadá, Alemanha, Singapura, Panamá, Reino Unido e Estados Unidos.
 

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