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Blockchain para (mais) uma revolução digital na agricultura

 

A aceleração do processo de modernização da agricultura é inquestionável e vem se intensificando consideravelmente nos últimos anos – não é à toa que aqui nos dedicamos a falar dela, a Agricultura Moderna. Mas apesar de muitos produtores investirem em inovações diretamente aplicáveis no campo, pouco se fala sobre as tecnologias que beneficiariam os trâmites de comercialização no agro. Como resultado, produtores acabam não aproveitando todo o potencial lucrativo da cadeia de valor do agronegócio.

O atual cenário de processos de negociação do setor ainda segue uma mecânica antiga, baseando-se majoritariamente em contratos formalizados no papel, apertos de mão e acordos verbais. Com a modernização de determinadas áreas e a estagnação da inovação em outras, o aumento de produtividade não foi acompanhado pelo aumento de lucratividade por parte dos produtores. Consequentemente – e curiosamente, o lucro médio RELATIVO do agricultor caiu quase pela metade, saindo de US$ 0,31 para cada dólar faturado em meados da década de 1980 para os atuais US$ 0,16/dólar.

Agora, a solução pode estar em uma das tecnologias mais faladas nos últimos tempos: a Blockchain.

Blockchain é uma base de dados, mas não como qualquer outra. Essa base é distribuída (ou seja, não centralizada) e é destinada a resolver operações por meio de registros de transações digitais. Ela é o análogo a um livro-razão contábil que é dividido em duas partes: uma rede peer-to-peer e um banco de dados distribuído. O importante é que essa base funciona como um sistema extremamente seguro que acumula os registros que, uma vez feitos, não podem ser alterados. Dessa forma, o que temos é um histórico bem consolidado e confiável, que é justamente o que permite que negociações mais eficientes possam ser feitas para diferentes segmentos, como no agronegócio.

Vamos voltar ao exemplo dos contratos e entender as vantagens para a supply chain (cadeia de fornecimento). A autenticação desses documentos é uma etapa essencial que geralmente é demorada e envolve diversos intermediários que se colocam entre as pontas realmente interessadas na negociação. Em um ecossistema de blockchain, alguns desses intermediários seriam eliminados de forma que as pontas se comunicam de forma mais direta, inclusive do ponto de vista financeiro. Todos os elementos da cadeia, como fornecedores de insumos, produtores, distribuidores e consumidores finais, passam a interagir mais eficientemente e com maior rastreabilidade das transações realizadas.

Entre outras coisas, essa rastreabilidade traz transparência e fomenta a livre concorrência, gerando competitividade entre os fornecedores que nos abastecem. Sabe-se que aproximadamente 10% das pessoas no mundo ficam doentes por ingerirem alimentos contaminados, e 420.000 óbitos advêm das complicações desse problema. Dessa forma, ao sabermos a procedência exata de cada alimento, poderemos ativamente apoiar os agricultores que entregam as melhores frutas, verduras e legumes, incentivando-os a sempre buscar a melhor qualidade de seus produtos. E ainda mais importante, poderemos melhorar nossa segurança alimentar. Nesse sentido, a Food Standards Agency (FSA), do Reino Unido, recentemente realizou um projeto piloto onde blockchain foi usada como uma ferramenta regulatória na produção de alimentos. Apesar de poucos detalhes terem sido fornecidos, o simples fato de uma agência desse porte ter esse tipo de iniciativa indica que esta seja promissora. Portanto, uma cadeia mais transparente e rastreável provavelmente contribuirá para que alimentos mais seguros cheguem às nossas mesas, reduzindo um problema de saúde pública global.

Devido às diversas aplicações e benefícios da blockchain, que vão do produtor ao consumidor, muitas iniciativas estão surgindo nessa nova onda de digitalização da agricultura. Ao agregar valor, a blockchain está acelerando a transição da agricultura tradicional para a moderna e vem se consolidando como uma das principais tecnologias da 4ª Revolução Industrial e de uma nova revolução no setor.

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