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Agricultura e biodiversidade: cada vez mais unidas

A palavra biodiversidade carrega muito significado. Ela trata da diversidade biológica de uma determinada região, ou seja, da variabilidade de organismos vivos que ali habitam.

Assim, ela compreende aquilo que consideramos vida: de pequenas bactérias a imensos animais. Mas qual a razão de se falar tanto em biodiversidade?

Ao longo de muitos anos de observação do meio ambiente, passamos a entender que a manutenção da diversidade de seres vivos é importante por motivos que vão além da conservação individual de cada espécie. Aprendemos que a perda de biodiversidade pode resultar em consequências negativas à saúde humana, na perda de recursos como água e solo, e no comprometimento de atividades econômicas sustentáveis. Isso porque o conjunto de organismos de um local cria um sistema interligado e harmônico, o que faz com que a eliminação de uma única espécie possa resultar em desequilíbrio e instabilidade.

Muitas das atividades praticadas pelo ser humano podem perturbar o equilíbrio da vida de um meio ambiente. Assim, é natural querermos entender como podemos melhorar as nossas ações no sentido de preservar os ecossistemas do nosso planeta. É por isso que existem muitos esforços para melhorarmos a forma como praticamos agricultura, buscando ferramentas inovadoras que tenham o mínimo impacto sobre a rica composição de seres das regiões agriculturáveis. Apesar de muitos acharem que biodiversidade e agricultura são incompatíveis, esse pensamento vem mudando ao longo dos anos.

Primeiramente, devemos lembrar que a biodiversidade está na base da agricultura, na origem de todas as espécies de plantas que passaram a ser domesticadas por humanos há mais de 10.000 anos. Culturas como o milho e o trigo eram muito diferentes de como são hoje e, graças a anos de cruzamento convencional, passaram a ser comestíveis e hoje são importantes commodities que fazem parte do nosso dia-a-dia. Portanto, a verdade é que a agricultura sempre contou com a biodiversidade para poder evoluir e gerar uma cadeia de produtos sem a qual não conseguiríamos atender as demandas por recursos que temos hoje.

Com a compreensão do importante papel que a diversidade de organismos cumpre, a agricultura moderna passou a ter um novo olhar sobre as formas de contribuir para a preservação de espécies. O uso de variedades geneticamente modificadas (GM) reduziu a necessidade por áreas de plantio, a emissão de CO2 e a aplicação de defensivos agrícolas, diminuindo o impacto sobre muitos organismos e sobre o meio ambiente de forma geral. Ainda, a implementação do sistema de plantio direto, prática mundialmente conhecida e disseminada, contribui para a manutenção da estrutura do solo e, consequentemente, da grande quantidade de microrganismos que ali habitam e que, como sabemos hoje, têm papel fundamental para o desenvolvimento e crescimento das plantas que alimentam o mundo.

Com efeito, temos observado uma evolução na forma com a qual o ser humano produz grãos e fibras, e como ele reconhece a importância de um ambiente biologicamente diverso. Assim, podemos ainda considerar os avanços que estão sendo feitos na área de agricultura digital, o uso de dados que são obtidos no campo e sua relação com novas técnicas de conservação. Através de drones, sensores e outras tecnologias aplicadas, conseguiremos gerar um corpo de informações ainda mais robusto sobre as relações entre agricultura e os organismos vivos influenciados por ela.

Realmente parece que a humanidade está em um processo de ampliação do entendimento de que também é parte do ecossistema e da rica biodiversidade do nosso planeta. Estamos de fato caminhando para tomadas de decisão que contribuirão para uma agricultura ainda mais equilibrada com o meio ambiente.

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