Muitas vezes nos deparamos com ideias que se fixaram em algumas áreas do conhecimento humano solidamente, mas que não necessariamente representam a realidade da forma mais fidedigna. Um exemplo disso na agricultura é traduzido no pensamento de que a atividade agrícola de alta produtividade é mais nociva para o meio ambiente do que técnicas mais tradicionais, tidas como mais “naturais”. Contudo, uma recente publicação da revista Nature Sustainability indica o contrário.
Um grupo de cientistas da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, coordenou um estudo que envolveu 17 organizações britânicas e de diversos outros países, incluindo Austrália, Colômbia, México, Polônia e também o Brasil. A abordagem envolveu o desenvolvimento de uma estrutura para analisar centenas de investigações em quatro setores da cadeia de alimentos: um na Ásia (produção de arroz), dois na Europa (trigo e laticínios), e um último na América Latina (carne vermelha).
Os resultados obtidos sugerem que, ao contrário do que pensa a maioria das pessoas, práticas agrícolas mais intensas podem também produzir menos poluentes, causar menos deterioração do solo e consumir menos água. Isso está alinhado com um corpo de evidência cada vez mais robusto que indica que a melhor forma de atendermos a crescente demanda por alimentos consiste em obter a máxima produtividade de regiões agriculturáveis sustentavelmente, de forma a permitir que habitats naturais sejam preservados e a biodiversidade neles aumente.
Um contraponto seria o fato de que a agricultura intensa gera níveis desproporcionais de poluentes, erosão dos solos e alta pegada hídrica. Entretanto, muitos dos estudos anteriores consideravam esses parâmetros em relação à área utilizada na produção, o que superestimava os impactos ambientais de práticas mais intensivas. Agora, ao analisarem emissão de gases do efeito estufa, uso de fertilizantes e consumo de água em relação à quantidade de alimento gerado, os pesquisadores mostraram que as técnicas que aumentam a produtividade precisam de uma menor área para produzir a mesma quantidade de alimento – mostrando-se, portanto, menos danosas para a natureza.
Apesar de mais pesquisas serem necessárias, os autores já deixam um alerta, afirmando que a busca por uma produtividade aumentada visando apenas lucratividade e baixa nos preços de alimentos irá apenas comprometer ainda mais o meio ambiente. Assim, se o objetivo é alcançarmos um novo patamar em agricultura sustentável, é vital que ela seja combinada à manutenção de vida selvagem através de mecanismos que limitem a expansão agrícola descontrolada e desnecessária.
É por esse motivo que a agricultura tradicional está sendo revista e dando maior espaço para que a agricultura moderna esteja cada vez mais presente na vida do agricultor. Ao oferecer a ele ferramentas dotadas de tecnologias mais eficientes e que consideram ainda mais o meio ambiente, ela continuará o processo de transformação no campo e beneficiará tanto nossa crescente população quanto nosso planeta.
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