ORGÂNICO E CONVENCIONAL: Q&A COM O AGRICULTOR

A família de Michael Cannon cultiva a mesma terra há mais de 150 anos. Ele é da sexta geração que se envolve na operação em Los Barros, Califórnia. Ao longo das gerações, a terra foi cultivada por dois grupos familiares e, na década de 1960, seu avô e tio-avô se uniram para criar a Bowles Farming Company.

A Bowles Farming Company é especial porque eles aplicam práticas convencionais e orgânicas na produção de alimentos. Depois de seis gerações fazendo cultivo convencional, eles perceberam o crescimento da demanda por produtos orgânicos e foram inspirados para inovar sua própria fazenda.

Enquanto muitos pensam que lavouras convencionais e orgânicas não são cultivadas lado a lado, a realidade é que muitos agricultores estão abertos a todas as opções disponíveis - e fazem essas escolhas baseadas em muitos fatores. Michael explica como é gerenciar uma lavoura convencional e orgânica.

Pergunta: Quais plantas você cultiva?

Resposta: No modo convencional, nós cultivamos principalmente tomates, mas também um pouco de algodão e alfafa geneticamente modificado. Os tomates processados são usados para produtos como molho de pizza e massas, ketchup e massa de tomate. Quando cultivamos algum grão, produzimos o trigo de grão duro, que é um trigo de alta qualidade usado na farinha de trigo. Iremos produzir milho para salgadinhos também. Cultivamos melão tradicional, melão cantaloupe e melancia. Às vezes produzimos cebolas e cenouras, dependendo da demanda do mercado.

O único orgânico é o tomate. Começamos a trabalhar o solo como orgânico em 2013, mas exige cerca de 3 anos para ser certificado como orgânico.

P: Por que você decidiu entrar no mercado de orgânicos?

R: Temos acompanhado a indústria orgânica já faz algum tempo e temos um bom relacionamento com uma fábrica de tomates processados, e percebemos que o nível de interesse deles cresceu. Também trabalhamos em outros projetos com grandes varejistas que conduzem pesquisas de mercado sobre tendências. Eles permitiram que a gente aproveitasse esses dados e informações, e isso nos ajudou a tomar essa decisão.

P: Por que escolheu cultivar tomates?

R: Tomates são versáteis. Tomates processados são usados em muitos produtos e, com a abundância de produtos orgânicos no mercado, os tomates são um dos produtos com maior demanda. Por exemplo, os tomates são usados em muitos molhos de salada. Então se você quer fazer um molho orgânico de salada, irá precisar de tomates processados. O mesmo acontece com molhos de massas e pizza, ketchup e pastas.

P: Existem diferenças na forma como você cultiva culturas convencionais e orgânicas?

R: Existem diferenças. As plantas daninhas são o maior problema no plantio de culturas orgânicas, porque não há muitas maneiras de controlar as plantas daninhas. Com orgânicos, os agricultores só podem usar ferramentas especiais. Temos que passar mais vezes pela lavoura do que passamos nos cultivos convencionais porque temos que usar equipamentos especiais, guiados por GPS, que podem retirar as plantas daninhas e não as plantas, o que resulta em um maior trabalho envolvido.

Muitas pessoas acham que químicos não podem ser usados no cultivo orgânico, mas isso é um equívoco. Nós podemos usar alguns químicos, mas há restrições. Nós gastamos muito tempo aprendendo o que podemos e não podemos fazer. Isso exige muita leitura e conversa com pesquisadores das universidades. É realmente um esforço em grupo.

P: Qual é a parte mais difícil em cultivar os dois tipos de lavouras?

R: Leva algum tempo para fazer a transição do solo convencional para orgânico e existe muito mais risco em cultivar orgânicos. O mercado orgânico nem sempre foi tão promissor; as pessoas dizem no começo do ano que eles querem orgânico, mas na época da colheita, eles não querem pagar por aquilo. Também não existem tantas ferramentas de produção disponíveis para as culturas orgânicas se algo der errado.

Nós temos um processador de tomate com uma linha orgânica de qualidade, os preços estabilizaram e, em nossas conversas com grandes varejistas, vemos que eles querem o produto. Há também a demanda constante e estável, que nos permite cultivar tomates orgânicos com rentabilidade.

P: Um método de proteção de cultivos é melhor que o outro?

R: Não existem estudos ou qualquer outra coisa que eu tenha lido que diga que um método é melhor do que o outro, ou que os benefícios para a saúde são diferentes.

P: Quais tratamentos você usa no controle de pragas em seu tomate orgânico?

R: Depende de qual praga a gente encontra, mas os produtos mais comuns são a base de cobre ou alho. No caso de químicos, existem alguns que os órgãos reguladores permitem em uma quantidade diferente da aplicada na agricultura convencional.

P: Suas culturas orgânicas e convencionais são igualmente sustentáveis?

R: Como nossa fazenda já está na sexta geração, a sustentabilidade já é uma realidade. Este é um negócio de longo prazo e nós nunca faríamos nada para prejudicar o solo ou prejudicar o meio ambiente ao nosso redor. Aqueles que vivem pelo solo e trabalham a terra - trabalham lado a lado com aqueles que nos ajudam a cultivar as lavouras - sabem que o nosso solo é o que nos traz retorno ano após ano e as nossas equipes são uma grande parte da nossa capacidade de cultivar.

P: O que você gostaria que as pessoas soubessem sobre agricultura?

R: Você não pode mudar a cabeça de todo mundo. No final, eu preciso descobrir como cultivar os alimentos que as pessoas querem, não importa se eu concorde ou não com tudo. Meu sustento é fornecer ao mundo os alimentos de que ele necessita.

Existem vantagens e desvantagens em cultivar produtos orgânicos certificados e produtos convencionais. Os agricultores tomam decisões com base na demanda do mercado, no solo, clima e muito mais. As ferramentas digitais podem, muitas vezes, tornar este processo de tomada de decisões mais claro, capacitando os agricultores a tomar as melhores decisões para a lavoura e usando os recursos naturais com mais eficiência. Reduzir o impacto ao atender às necessidades do consumidor é positivo para todos os envolvidos.