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Plantando energia

O uso de energia está virtualmente em tudo o que fazemos.

No nosso corpo, mesmo quando estamos dormindo, precisamos de energia para manter nossas funções vitais. Quando usamos nossos celulares, nossos carros ou uma plantadeira, confiamos que eles terão a energia necessária para funcionar adequadamente e nos auxiliar na nossa comunicação, transporte e atividades no campo. Isso sempre foi assim, e provavelmente sempre será. Da origem da Terra até as cidades do futuro, tudo dependeu e dependerá de energia para existir e exercer sua função.

Mas mesmo uma fonte de energia considerada inesgotável, como o sol, um dia deixará de emitir a luz que banha nosso planeta. Já quando falamos de combustíveis fósseis – como petróleo, carvão e gás natural, esse tempo de validade está ainda mais próximo. Essa classe de combustíveis foi formada a partir de processos naturais de decomposição de matéria orgânica que ocorreram há milhões de anos, e puderam ser aproveitados pelo ser humano basicamente por serem capazes de queimar. Dessa queima, outras formas de energia podem ser geradas e, com isso, diversas atividades humanas passaram a ser melhoradas. Isso se deu desde períodos pré-históricos no caso do carvão, utilizado para fundir metal, foi essencial para a Revolução Industrial e a melhoria da eficiência de máquinas fabris, e se perpetua até os dias atuais, uma vez que quase a totalidade dos automóveis, aviões e máquinas agrícolas ainda são alimentados com derivados do petróleo.

Hoje, conscientes de que importantes fontes de energia irão se esgotar em breve, temos trabalhado em muitas iniciativas promissoras como alternativas aos antigos combustíveis que ainda são utilizados. Além disso, o impacto que o uso desses insumos causa no planeta nos deixa ávidos por possibilidades renováveis e, portanto, mais amenas para o ambiente. Nesse contexto, a Agricultura Moderna tem contribuído de diferentes formas, tendo nos biocombustíveis um grande exemplo.

Diferentemente dos combustíveis fósseis, biocombustíveis derivados da agricultura podem ser “plantados”. Isso significa que podemos escolher a cultura que queremos plantar, optando por aquela que tenha uma ótima taxa de conversão de energia solar em energia aproveitável por nós, como é o caso da cana-de-açúcar. Além disso, podemos saber quando, como e onde uma cultura será plantada, o que confere um alto grau de controle sobre a produção de uma fonte de energia. Como plantas consomem CO2 (gás carbônico) para poder crescer, o plantio de culturas para produção de biocombustíveis captura um dos principais gases causadores do efeito estufa antes do mesmo ser reemitido para a atmosfera. Isso faz com que o saldo final de emissão de poluentes ao longo do processo seja muito menor, conferindo uma grande vantagem na comparação com os combustíveis fósseis.

Uma vez que vivemos tempos de medidas recorde de CO2 na atmosfera, parece fazer todo o sentido investirmos nossos esforços em energias renováveis. Contudo, devemos lembrar que a produção de biocombustíveis em si consome recursos, como fertilizantes, defensivos e também energia para a conversão da planta no produto final que irá gerar o combustível. Assim, é válido associarmos a esse processo produtivo práticas agrícolas que em si demandam pouca energia, e que também consideram a importância de economia de outros recursos preciosos, como água e solo.

Existem muitas maneiras através das quais a agricultura pode contribuir para fornecer a energia da qual o mundo necessita. A produção de biocombustíveis é uma delas, mas não é a única. Com a diversidade e a integração de tecnologias que estão chegando, é certo de que veremos avanços surpreendentes nos anos que seguem.

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