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Um centro médico e uma fazenda no mesmo local

 

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (UN FAO) estima que 800 milhões de pessoas cultivam alimentos nas cidades e em seus arredores. Esse número representa 20% da população mundial urbana e é testemunho de que a prática de cultivo urbano está sendo largamente adotada em uma escala global.


Uma história de sucesso relacionada a essa expansão é a da fazenda que foi implantada no telhado do Boston Medical Center (BMC), um dos maiores centros médicos do leste dos Estados Unidos. O BMC, que já tem a reputação de ser o hospital mais “verde” de Boston, levou essa fama para o próximo nível ao criar a maior plantação de seu tipo na cidade.


A estrutura foi projetada em uma área de 650 m2 com o objetivo de plantar mais de 25 diferentes espécies de culturas agrícolas, como rúcula, rabanete, couve e acelga, e gerar aproximadamente 2.300 kg de alimentos durante a safra. A maior parte da produção é destinada aos pacientes após o processamento no próprio hospital, mas também chega a às diferentes cafeterias do campus e aos pratos de seus visitantes. Com essa iniciativa, o BMC quer atuar em mais uma das frentes que garante a saúde da população, por meio do fornecimento de alimentos nutritivos para a comunidade. O Diretor Sênior de Serviços de Suporte do hospital, David Maffeo, afirma que “o objetivo da construção da fazenda é fornecer frutas e vegetais, frescos e locais, para a maior quantidade possível de pacientes, funcionários e membros da comunidade”, além de ser um exemplo de “dedicação a esforços ecologicamente corretos voltados para a sustentabilidade”.


Apesar de fazendas em telhados permitirem o crescimento de praticamente todo tipo de cultura que se desenvolve em fazendas convencionais, existem alguns desafios extras, como profundidade do solo limitada, intensidade do vento e acesso – não se pode dirigir um caminhão até a área plantada para a entrega de insumos, por exemplo. Mas os benefícios valem o esforço. Além do aporte de alimentos para o hospital, a fazenda ajuda a reduzir a pegada de carbono, já que aumenta a área verde na cidade capaz de absorver CO2 da atmosfera. Ainda, a estrutura contribui para a absorção e diminuição da água da chuva, uma consequência muito positiva para solucionar o problema de transbordamento de esgoto que ocorre em grandes centros urbanos nas épocas de alta pluviosidade.

Finalmente, a iniciativa do centro médico ainda reduz o consumo de energia ligado ao transporte de alimentos, uma das grandes vantagens da agricultura feita nas cidades.


As formas que o homem tem utilizado para o cultivo vêm evoluindo há milênios, desde que foi iniciado o processo de domesticação de plantas para usos diversos. Apesar de ainda parecer contraintuitivo para muitos, os milhões de residentes urbanos que já se beneficiam de algum tipo de cultivo nas cidades, incluindo a comunidade de Boston atendida pelo BMC, já dão indícios sobre o futuro da agricultura nos próximos anos.

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