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Uso de defensivos agrícolas no Manejo Integrado de Pragas

Uma das principais preocupações do agricultor na gestão do seu plantio é a perda de produtividade pela ação de pragas.

E isso não se dá em vão. As perdas por pragas na produção brasileira anual são estimadas em quase 8%, o que significa uma redução de aproximadamente 25 milhões de toneladas de alimento e um déficit de US$ 17 bilhões. Já no mundo, fala-se em perdas da ordem de US$ 1,4 trilhão, o que representa 5% do PIB mundial.

Mas a humanidade vem cada vez mais reconhecendo a importância de se lidar com a pressão exercida por pragas, assim como a maneira através da qual essa questão deve ser tratada. Nesse contexto, o Manejo Integrado de Pragas (MIP) constitui uma abordagem ecologicamente sistêmica para a produção e proteção da lavoura contra esses organismos. Nele, diversas práticas de manejo são combinadas para que as culturas cresçam de forma saudável e com o menor impacto possível sobre os recursos naturais. E quando falamos em MIP, dois aspectos que se correlacionam podem ser destacados: o monitoramento das pragas e o uso de defensivos agrícolas apenas quando necessário.

O monitoramento é uma prática essencial em um bom manejo e, quando bem aplicado, pode diminuir ou até eliminar o uso de produtos químicos na lavoura, assim como definir uma estratégia para o manejo eficiente de uma infestação já instalada. Monitorar a lavoura permite que haja uma racionalização dos volumes de defensivos utilizados, o que tem como objetivo diminuir a exposição às formulações desses produtos, reduzindo os riscos associados ao seu mau uso e mantendo a eficácia desta positiva abordagem.

Alguns especialistas estimam que próximo de 3 milhões de toneladas de defensivos agrícolas sejam utilizados anualmente por produtores ao redor de todo o mundo. Essa taxa encontra razão no amplo espectro de controle que esses produtos cobrem: planas daninhas, insetos, roedores, bactérias e fungos. O fato é que, sem os defensivos, as perdas na produção agrícola seriam ainda maiores, o que significa que mantermos o aporte de alimentos, fibras e energia para o mundo seria muito improvável. O fundamental é que o uso desses insumos seja consciente, feito de forma equilibrada e alinhado com as boas práticas agronômicas. Dessa maneira manteremos uma maior harmonia com o meio ambiente e reduziremos as chances do aparecimento de pragas resistentes, assim como os casos de resistência cruzada. 

Vale ressaltar que, apesar de essenciais para a agricultura, defensivos não devem ser a única ferramenta no combate de pragas. Um bom programa de MIP deve considerar práticas variadas, incluindo as inspeções e o já mencionado monitoramento do campo quanto às pragas presentes e as potenciais. A associação dessas estratégias a outros avanços tecnológicos, como o uso de produtos derivados das técnicas inovadoras de melhoramento de precisão (TIMPs) e ferramentas digitais que convertem dados do campo em informação, é uma das iniciativas que garantirão uma agricultura verdadeiramente moderna.

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